Sabendo tecer, não desperdices fio. Sabendo falar, não desperdices as palavras.(Laos)

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Pedaços de mãe...



Caminho descalça pela chuva ,roçando meus pés frios no chão de terra batida,vermelha...
Manchada com meus passos,de uma caminhada infinita à sua procura.
Todos os dias,chove um pouco...às vezes mais,às vezes menos.
Chuvisco ou tempestade não impedem a procura.
Não me impedem de abrir as janelas!
Atravesso a ponte mas me perco,vôo como uma borboleta sem rumo....
Quando acaba ,a chuva deixa o silêncio das noites mal dormidas,os passos no andar de cima,o riso,o aceno a imensidão e o vazio.

A vida volta ao normal.
Morna e molhada.
Recordo a infância em que as horas se perdiam ao ficar observando o banho de um passarinho assim que cessava a chuva.
Lembro de suas mãos...
de seu carinho...

Em meio às tempestades,pegava meu barquinho solitário e navegava até seu porto.
Ondas batiam em mim com a fúria e a alegria do retorno.


Agora olho o mar sem fim...
cheiro de maresia,
sal,
vento morno
...
sem barco
...
sem porto




A esperança de um novo dia cede lugar a sua ausência.
Sou tronco jogado na areia,que aos poucos vai secando e tornando-se parte dela.
Parte de uma paisagem que nunca será completa novamente.


Flashs em branco e preto vêem à mente:

Com certeza ,hoje tens flores mais belas que estas...mas todas elas me fizeram chegar mais perto de você.



 


Sentir seu perfume...




São pedacinhos de você que vivo recolhendo pelo caminho.
Às vezes sem conseguir carregar,,
Tentando voltar o tempo,reconstruir os sonhos...

Aprendendo com a natureza a desviar caminhos,reconstruir trilhas,
que eu mesmo apaguei...


Vejo seu rosto em toda parte e,
como quem parte prá guerra,vou atrás destes pedaços

recolhendo e colhendo
migalhas,
fragmentos
e
o que mais o mar me der a cada dia...
então e só então,
volto pelo caminho,

onde só você sabe me achar,

seguindo as pistas que me dás...

alerta ao canto dos pássaros,

aos segredos das flores

 que parecem frágeis mas vão crescer nos locais mais inesperados.
A lição das flores...


Em sua linguagem,mapeiam nossos caminhos.
Nos mostram que existem mistérios além de nós...


Com os fios que recolho no caminho,
vou tecendo minha vida
tentando remendar o convés deste barco à deriva...

recolhendo seus pedacinhos,Mãe, para que eu nunca me esqueça,
que você foi a melhor mãe do mundo.
que minhas mãos hoje são o reflexo
de tudo que me ensinaste.

 não vou parar de recolher estes pedaços,pois tenho medo de esquecê-los...
No jogo da vida
e da
eternidade.
 Alguns pedaços me fizeram estar aqui hoje,falando com você.
Lhe oferecendo flores que colhi no caminho
mesmo com as mãos doídas
e os pés feridos
da
caminhada.
Por você vale a pena!!!!!

e quero que saiba que aqui todos a amamos do mesmo modo;
mais até.
E que hoje quero que saiba que

DE TUDO, FICARAM TRÊS COISAS:

a certeza de que estamos sempre começando...

a certeza de que é preciso continuar...

a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

PORTANTO DEVEMOS:

fazer da interrupção um caminho novo...

da queda um passo de dança...

do medo, uma escada...

do sonho, uma ponte...

da procura... um encontro

Fernando Sabino





3 comentários:

  1. Que lindo, chorei! belíssima homenagem!!

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  2. Linda homenagem!!! Me fez refletir sobre muitas coisas. As relações que temos com as pessoas que mais deveriamos amar! bjs

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